Você me deu uma música tão linda e encantadora, mas agora tenho que
cantá-la sozinho. A mágica incandescente que transformou minha vida foi um
momento para compor uma rima, mas agora me dói tanto.
Ainda canto e, às vezes, até sorrio, porque a canção é realmente linda.
Tive que me machucar, ferir-me até não sobrar uma célula em paz - todas tiveram
que sangrar por você - para entender que nada me fere, somente o que crio em
minha mente.
Já não espero mais por você, nem por ninguém além de mim. Estive só nos
últimos dias, chorei e me curei sozinho, explorei lugares e conheci pessoas,
sozinho.
Vou te amar para sempre, mas não tenho certeza se amo realmente você.
Criei uma versão sua em minha mente, com as mesmas estrias nas costas e o jeito
de olhar de cima para o celular quando está interessado. Mas essa versão não me
fere nem me esconde do mundo.
Tive tanto medo no escuro infinito dessa solidão sem você. Não sabia que
podia confiar em mim, cuidar de mim e amar a mim mesmo. E, apesar de toda a dor
e do medo, ainda respiro. Você não está aqui, nunca esteve. O que me salvou só
pode ter sido eu.
Então eu canto, a nossa canção… A minha canção e danço para espantar o
medo, o frio, a tristeza de viver sem o amor que eu inventei.
Eu percebi que a dor avassaladora que sentia por saber que você não me amava não estava necessariamente relacionada ao fato de ver a falta de amor nos seus olhos ou sentir sua ausência nos meus abraços. Ela estava em mim e permaneceu por muito tempo depois que você partiu.
Aprendi a pintar quadros para esvaziar meu coração, continuo escrevendo
para esvaziar meu coração. Mas o monstro que eu criei é grande demais e esse
amor insiste em não partir com a mesma facilidade com que você se foi.
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