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Mostrando postagens de outubro, 2022

Era você ali

A chuva fina caía pausadamente, como se cada gota estivesse aproveitando o máximo a viagem das nuvens até o chão. O sol estava ardente e o clima abafado, mesmo com tantas árvores em volta, aquele era um dia atípico. Um dia de transição, de imortalidade. Marilene tinha por rotina caminhar todas as manhãs logo que o sol nascesse antes de ele se tornar a imensa e insuportável esfera de fogo que sempre foi. Ela tinha por vocação a pintura, pintava quadros absurdos e coloridos sobre mundos desconhecidos e almas perdidas em universos aquarelas. Nesta manhã, decidiu caminhar, não por hábito, mas por ansiedade. Na noite anterior não conseguira dormir com uma imagem que se instalou em sua mente e a importunou até que se materializasse em quadro. A arte que a inspirou era o corpo de uma senhora vestida em tecidos finos e coloridos, desfalecida em um campo verde segurando uma xícara de porcelana envolta em tons de azul que a lembrava do mar, como fosse uma onda que cercou a mulher completamente e