Naquela manhã
eu estava só. Mas estar só era exatamente o que tornava aquele momento mágico,
único e meu.
Acordei na
grama, em uma praia qualquer.
A ideia de
fugir surgira em meio a rotina e a escravidão do capitalismo que me matava a
juventude dia após dia.
Meu peito
queimava ao sol das dez da manhã e minha cabeça fingia começar a doer.
Olhei em
volta, minha camisa não estava tão distante, meus tênis estavam embaixo da
pedra onde eu os tinha escondido na noite anterior e as garrafas de cerveja
estavam vazias.
Sentei-me na
grama e ao olhar para o mar se beijando com o céu e seus tons da manhã,
senti-me sem ar.
Eu estava no
quadro onde sempre quis estar, nas fotos dos outdoors, nas telas de
computadores.
As nuvens
ganhavam formas facilmente enquanto eu fumava o terceiro - ou talvez quarto -
baseado.
O calor do
sol já não era tão quente, pois a felicidade que eu sentia irradiava de mim.
Tive a impressão de que os passantes se ofuscavam com o brilho da minha
alegria.
Levantei-me e
percebi-me leve. O mar, um pouco abaixo, parecia me convidar para um
mergulho.
Desci pelas
pedras com um cuidado que seria facilmente confundido com carinho.
Ao entrar na
água era como se o mar estivesse me abraçando, pois eu sentia seu toque em cada
centímetro do meu corpo. Meus braços nunca foram tão fortes, minhas pernas
nunca foram tão longas e eu ar nunca foi tão suficiente.
E o
sol.
Saí da água e
voltei para onde passei a noite e comi o lanche que tinha comprado para a fuga.
Os gostos pareciam dançar dentro da minha boca e o céu agora tomara cores,
laranja e amarelo, das quais eu nunca tinha testemunhado.
Pássaros, no
mínimo dez cantavam na árvore ao meu lado. Quão lindo CD a natureza toca todo
dia.
O som do mar
no fundo, a voz dos pássaros tão perto, as folhas das árvores lentas e
preguiçosas a se mexer com o vento, a minha respiração tão calma e
alegre...
Olhei em
volta, o lugar começara a encher de pessoas e entre elas te reconheci.
Com o mesmo
sorriso lindo e tímido de sempre e os cabelos que nunca estavam bons o
suficiente...
Me observava
como uma pessoa observa algo belo e novo aos olhos. Eu sabia que era
amor.
Aproximando-se,
você me fez lembrar de todos os momentos mágicos da noite passada. As risadas,
os beijos, os amigos e desafios idiotas de comer folhas ou dar cambalhotas no
mar.
A vida nunca
foi tão boa.
Ao te abraçar
pude sentir meu coração juntando -se ao seu, eu te pertencia de novo.
Não penso no
futuro ou no que devemos ter para sermos um do outro, éramos o que éramos e
estávamos onde estávamos porque precisávamos.
Mesmo se a
gente acabasse ali, teríamos experimentado algo que a maioria das pessoas,
durante todas suas vidas, nunca teriam o prazer de conhecer.
Se foi amor,
nós nos permitimos.
Com os pés
ainda descalços, recolho minhas coisas espalhadas, guardando todas na
mochila.
E segurando
em suas mãos me encaminho para a próxima aventura, para o próximo amor, para o
próximo momento em que criaremos mágica.
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