Era uma
sensação estranha
Um feixe de
luz não apagado
Havia algo em
um meio vazio
Algo que não
deveria estar ali
Em um
corredor branco, somente o enfermo
Caminhando
para o fim, uma porta, saída
Mas até o fim
ele não chegaria
Pois o fim do
corredor estava mais distante que o seu
próprio
E o sem-teto
estava à flor da lua
Olhava para o
céu e pedia a Deus
“O que em mim
falta Senhor?
Estarei eu
tão longe de sua Graça?”
As infinitas
ruas esmagadas pelos carros
Ouviam os
murmúrios do pobre homem sem rumo
Caminhavam
com ele cobrindo a terra
E o homem se
deitava cansado, na grama
Haveria nos
homens um amor escondido?
Se houve um
dia, pode ser já se perdeu
Entretanto,
cantando passava um cego
Desgraçado de
vistas, mas feliz como um rei
Motivo de
espanto era o homem contente
Para o meio,
o enfermo, o sem-teto e o asfalto
Mas não era
ele o personagem principal
O cego
passara e em algum lugar chegou
E no meio dos
povos uma borboleta voava
Olhava nos
cantos os detalhes da vida
Sua vida,
porém, era curta demais
Mais sábia
que pássaros, que homens e que animais
Ela sabia
para onde estava viajando
Sabia do
tempo da árvore, dos monstros
Sabia dos
carros, dos homens e dos tetos
Só não sabia
da tristeza que via na morte
O mendigo, o
enfermo e o asfalto
Todos viveram
mais que a borboleta
E a ela não
há o luxo do suicídio
Pois a morte
a leva cedo demais
A borboleta
enfim é o feixe não apagado
É o meio que
não deveria estar ali
Se vê
sensação estranha quando ela resiste
Com uma morte precoce e uma vida feliz.
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