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Descemos ao pé da incapacidade


Eu devia ter dito adeus

Eu devia ter compensado a dor que sentimos, devia ter sido forte por nós.

Mas eu não pude. Eu não quis. Fui covarde outra vez.

Nas entrelinhas do nosso amor havia ódio, havia sangue, tudo eram veias.

E este corpo vulnerável não foi capaz de nos manter acesos.

Eu peço perdão óh refúgio escondido, eu não retribuí o favor feito, eu libertei as lágrimas proibidas por ti.

Não era o humano, era o espírito, era a essência nua de um ser perdido.

Como pudemos ter nos refugiado tão longe um do outro?

Levarei agora a culpa em uma mala, farei dela minha motivação, não tentarei compreender.

Caminhei por caminhos cegos, ouvi a insanidade e acreditei, me perdi por estradas desertas nas quais nunca mais me encontrei.

Desisti enfim, de tentar.

Abandonei o medo e arregacei as mangas do pudor.

Despi-me as vestes violentadas, abusei de mim mesmo a paixão destruída.

Não tive ao menos uma vez a chance de me reinventar, foi a perversão redundante o assassino destemido.

Foi minha cegueira minha perdição, não tive escolha ou chance, foi simplesmente o caminho imposto.

A falência burocrática da idolatria nos era e a ascensão nossa inimiga.

Mil corações dilatados e violados, mil almas desconhecidas que se foram.

Foi maravilhosa a paixão imatura, era sempre nova e proibida.

Insanos, mal-amados, estupradores de sonhos, carrascos universais.

Derramei lágrimas de meus olhos, cortei os pulsos de minhas pernas, prejudiquei uma vida.

Mas como eu sozinho fui capaz de tantas alucinações carnais? Eu não fora.

Corri nas estradas da alegria e respirei o ar do amor, de nada me serviu!

Agora isto é somente a tortura de estar num lugar de dor e saudade.

A juventude articulada cumprira seu papel, fora embora assim, sem mais delongas.

E desesperadamente achamos o fim, iniciamos então um novo começo e regredimos a sentimentos rejeitados.

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