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Eu...




Eu ouvi rumores de que tudo se acabou.

Eu ouvi dizer que as pessoas estão se escondendo em suas casas por medo.

Eu escutei a falta dos pássaros e senti um leve calafrio em meu corpo.

Eu desejei as cores que já não havia.

Eu chorei de raiva por minha raça.

Eu senti a dor inacabada de um ser humano e senti o corpo cujo, a pele se desfazia.

Eu criei expectativas e as perdi pra mim mesmo e não as recuperei.

Eu vivi o vento, lembrei-me da época em que éramos livres.

Eu gozei alegria da face superada e singelamente sorri para o caos.

Eu ajudei a esperança a se levantar, mas ela tombou.

Eu perdi as letras e meus dedos, encontrei as palavras e minha voz.

Eu dedurei a fama e ela me jurou a cabeça.

Eu sonhei acordado por dormir na vida.

Eu manipulei olhares e eles me tiraram a consciência.

Eu cresci despedaçado, ajuntei meus restos quando pude.

Eu pintei o oito e ganhei o sobreviver.

Eu critiquei o tempo e despertei a morte.

Eu depilei a poesia e pude ver sua beleza natural.

Eu pensei no mundo, desfaleci.

Eu debochei o som pisei na melodia, impus o ponto e deixei a harmonia.

Eu pesquisei a vida e encontrei: A pureza da realidade cruel e imaculada.

Eu gritei o silêncio e popularizei a solidão, fui verdadeiro e li a proporção.

Mas agora não há mais tempo. Vou despir-me as vestes ensanguentadas e entregar-me ao prazer envergonhado. Irei fazê-lo de eu valer o tempo perdido e finalizar minha vida com um último suspiro de satisfação.

 (Data em que foi originalmente escrito: 14/02/2012)



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