A invenção era perfeita, todos a exaltavam com fascínio.
Cientistas ficavam boquiabertos com sua complexidade e serventia.
Pessoas nobres rodeavam o jovem rapaz a fim de induzi-lo a venda da máquina.
- Quanto custa esta máquina meu rapaz? Olhe, estou disposta a lhe
recompensar generosamente. - Disse uma mulher de meia-idade que vestida estava
em um blazer branco.
- Desculpe, minha senhora. Mas não pode ter preço àquilo que não está à
venda. - O rapaz lhe devolveu um sorriso simpático, com o intento de não a
magoar.
O aparelho estava à disposição de todos, mas somente uma pequena parcela
das pessoas estava interessada em seus benefícios. Muitos mentiam para si
mesmos e negavam sua condição psicológica.
Para melhor entendermos seu funcionamento, discorrerei agora as palavras
do próprio inventor.
“23 de julho de 2011”
“Todos os meus planos falharam, várias tentativas e em nenhuma delas
obtive o tão esperado sucesso. Mas eis que agora o rumo de minha sabedoria toma
outra rota e desta vez me entregarei a este trabalho como o sol se entrega ao
mar no crepúsculo do dia. E se eu falhar novamente sinto por mim, mas meus dias
de derrota terão se findado, pois nunca mais ousarei proferir a palavra
ciência.”
A máquina é dividida em duas partes:
Primeira: O corpo consiste em duas cápsulas de vidro blindadas, que se
encontram em uma plataforma circular de metal.
Segunda: Para que a máquina funcione são necessárias duas pessoas.
Você já foi vítima em uma situação humilhante? Você convive com alguém
que sente prazer com a infelicidade dos outros? Conhece pessoas inconvenientes
e problemáticas?
Baseado neste tipo de pessoas que meu invento atua.
Depois de tantas delongas, finalmente consegui concretizar algo que era,
até mesmo para mim, impossível.
A ideia do invento me veio à mente em um momento, um tanto quanto fora
do comum. Após um dia enfastiaste de trabalho, no caminho de volta, fui
assaltado. No momento da atuação maléfica, senti como se meu corpo fosse uma
fortaleza, e eu, escondido em seu interior, tentava acalmar o indivíduo.
O que me foi levado não importa, mas o interessante é que naquele
momento eu fiz descobertas tão grandes que nem mesmo a loucura teve o deleite
de contemplar.
Os sentimentos sentidos, os olhares trocados, os olhos enraivecidos, o
suor na pele fria, os músculos incapazes de agir, tudo aquilo foi à chave de
minha porta mental.
Outras situações inusitadas fizeram parte deste quebra cabeça, mas o
assalto era realmente o que faltava. Ele me trouxe a frieza humana, o medo, a
ignorância, o combustível de minha máquina.
Sua complexidade só é aparente em sua construção, mas seu uso é algo
muito simples. Segue-se desta forma; O cidadão que se submete ao processo
adentra a uma das cápsulas, determinada XLK3, e aguarda meus comandos. Por vez,
eu controlo a mente do submetido, que neste exato momento exprime de si seus
piores sentimentos. E como em uma lavagem cerebral, suas características
psíquicas são alteradas. Os sentimentos exprimidos dão a mim e a máquina o
exato lugar de onde saem estes, e nós os alteramos por sentimentos agradáveis.
Aonde a ódio, colocamos amor. Onde a ignorância, colocamos a inteligência, a
capacidade de entender o que se passa ao seu redor, onde a o medo, colocamos a
coragem.
Não posso, e nem quero, defini-La como uma máquina perfeita, adorada por
todos. “Mas tenho a certeza de que meu invento contribuirá e muito neste mundo
onde vivemos.”
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As palavras do inventor não nos deixam dúvidas sobre a máquina. Além de
talentoso o jovem rapaz sonha, como todos nós, com um mundo melhor. Talvez esta
máquina fosse o que faltava para que a ignorância humana acabasse de vez, mas
vemos que não. A ignorância é tanta que somente 37% da humanidade, conforme
pesquisa, se submeteria ao processo.
Não duvido que um dia, até mesmo aqueles que não se conhecem, se
cumprimentaram como irmãos que somos. Pensaria que fosse impossível sem esta
máquina, mas hoje, me sinto em um conto sobre o mundo real.
muito bom Kainan, uma verdadeira palavra de esperança. valeu!! Júlio
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